O SENTIR CUIDADOSO
"Sua vida diária, quando você a olha profundamente, não tem significado. Você está se esforçando, querendo dinheiro, posição, prestígio e, quando o possui, o que é? Você não descobriu por si mesmo se a vida tem um significado real. Você pergunta qual é o propósito ou objetivo da vida, e não o significado. O objetivo pode ser inventado por pessoas inteligentes, ou você pode inventar o objetivo a partir de sua miséria, confusão e conflito. Mas o objetivo não é o significado. O significado é descobrir por si mesmo olhando para si mesmo, a profundidade do seu coração, a profundidade dos seus sentimentos, a profundidade do seu pensamento". Krshnamurti
Durante o silêncio da prática de Yoga, há tempo para sentir, há tempo para observar as emoções que vêm. Somos, muitas vezes, levadas a negar, rejeitar, esconder aquelas que não são confortáveis, aquelas que nos causam dor. No entanto, essa atitude pode intensificar as suas manifestações no corpo e no nosso comportamento. No presente ou no futuro, elas voltam mais fortes ou permanecem por mais tempo.
A Medicina Chinesa considera que cada emoção tem sua importância, sem distingui-las como positivas ou negativas, por exemplo: a raiva é uma emoção que motiva a ação, impulsiona nosso movimento de transformação de situações difíceis, catalisa nossos "nãos", nos dá força para romper com aquilo que nos faz mal. Em contrapartida, quando ela é reprimida permanece no corpo, gerando sintomas psíquicos e fisiológicos diversos na gente.
A alegria, tão cobiçada, exaltada, quando constante suga nossa energia, dificulta o reconhecimento de tristezas que precisam ser olhadas, não dá espaço para a introspecção e para o aprendizado, para a compressão das situações, espaço para o autoconhecimento a partir da dor, da frustração, do medo e da ansiedade.
A ansiedade, que também é considerada uma emoção quando estudamos a Medicina Chinesa, tão negligenciada, entorpecida, ela pode nos trazer o planejamento, a ação consciente do contexto, dos desafios, a prevenção, o cuidado em situações de risco, o prazer diante de uma situação aguardada, é um alerta, assim como o medo, fazem parte e preservam a vida, quando não paralisam ou perturbam as nossas ações.
O adoecimento vem quando as emoções se tornam muito intensas e constantes.
A Filosofia do Yoga nos ensina que a vida é profunda quando sentimos, contemplamos, reconhecemos, tomamos consciência das emoções que nos transpassam. Elas falam sobre nós, sobre nossos desejos, sobre sobre nossas reações, sobre nossos aprendizados, sobre nossas escolhas, ações, posturas e sentidos de vida.
Na prática de Yoga é possível sentir e deixar ir, esse é um movimento de vida, assim como a Natureza é constante fluxo, tudo é constante transformação. Precisamos nos reeducar para o sentir, contemplando a emoção que passa, aprendendo com ela e deixando ir. Você é fluxo, é Natureza. Não sentir é a morte em vida.
Mas como deixar ir? Expressão! Você pode expressá-la na fala, no movimento do corpo (dança, postura do Yoga, corrida, etc), na escrita, na pintura, na ação intencional e consciente de expressão. Quando você vai fazendo esse exercício, com o tempo, vai saber a melhor forma de expressar essa emoção! Não será sempre a mesma forma, pode não ser de uma vez só que ela se vá, mas você estará presente para si mesma, para si mesmo, viva, vivo.
... o mais importante é a constante conexão com teu corpo e esse sentir cuidadoso, que faz das emoções a composição de uma vida profunda e verdadeira, na experiência do si mesmo. Esse é o grande objetivo do Yoga, a prática de suas técnicas nos capacitam para isso.
Qual o significado da vida para você?
Fonte da frase de Krsnamurti: https://www.pensador.com/autor/krishnamurti/. Texto: "A busca pelo significado".
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