A CHAVE: qual porta você deseja abrir?
O esforço é a chave. Enquanto for visto como vilão, a caminhada será fria, sem gosto, sem encanto. Todo movimento novo na vida exige certo esforço, principalmente quando falamos em mudança de hábito.
O corpo sempre tende a economizar energia, por isso a nossa dificuldade para assumir uma disciplina, ou em mudar nossa rotina, até mesmo para chegar em um lugar onde almejamos: profissionalmente, afetivamente ou espiritualmente.
Já ouvi dizer que quando uma conquista é fácil demais, é porque merecemos, mas não vejo a vida como um processo de mérito, mas de possibilidades imersas em contextos político-sociais relativamente rígidos. Uns conseguem com mais facilidade, outros com muita dificuldade, outros não têm nem a chance de chegar, nem de escolha, outros transcendem as leis político-sociais e viram inspiração. A regra é que todo ser humano pode se esforçar e que o esforço faz parte de seu desenvolvimento. Alguns se sentem vivos ao se esforçar, outros se sentem sem energia para o esforço. Nesse cenário, eu me considero uma pessoa com privilégios sociais, mas que dentro desse contexto, descobri o prazer do esforço.
Geralmente, o prazer nos vem associado à facilidade. Por exemplo, em um "micro olhar", o açúcar refinado é uma fonte de energia rápida, nosso corpo não precisa fazer esforço algum para ter a energia que ele precisa para a realização, para a atividade. Resultado: nos viciamos nela, o prazer é quase regra. Esse pequeno raciocínio podemos levar para diversas situações de nossa vida. O esforço nos causa preguiça e/ou desmotivação, neste caso.
Em contrapartida, nosso organismo está adaptado ao esforço, a nossa saúde depende desse esforço, a história humana é de esforço. Alimentos integrais, raízes e frutas são alimentos que nos dão uma diversidade de nutrientes, fibras e mantém a nossa glicose em um nível saudável porque são de digestão mais lenta, exigem certo esforço do organismo para serem processados. Assim acontece com o exercício físico, com o exercício da leitura, da escrita, do foco, do aprendizado, do Yoga. Exigem esforço de nossa parte, tempo de dedicação e de repetição.
Cada um de nós tem um caminho único para a descoberta dessa chave preciosa que é a de conectar esforço ao prazer. O Yoga tem uma palavrinha para isso, e como eu amo essa Filosofia Prática, ela me oferta palavras que não existem na nossa língua-linguagem, para que eu me conheça melhor e possa me comunicar melhor com você.
TAPAS- é esse prazer intimamente ligado ao esforço, seja ele de que ordem for e que por meio dele você terá mais calor, mais gosto e mais encanto em qualquer atividade que você queira realizar.
E quando é na medida certa, ele favorece o descanso, o sono e um ritmo mais saudável de vida. Não é um esforço que exaure, porque o prazer acaba favorecendo um estado de disposição constante, suave no corpo e na mente. Quando pensamos em satisfação, em estar satisfeito com o que se faz, vem essa sensação leve no corpo, busque essa sensação como referencial de um esforço equilibrado, sem esgotamento.
Quando praticamos Yoga, aprendemos técnicas para enxergarmos os nossos referenciais internos de esforço, de realização e de satisfação. Aquilo que é externo pode dialogar com o interno, mas não substituir ou oprimir os nossos movimentos internos.
Espero que essa reflexão te ajude a achar tua chave e que tuas portas, mesmo que socio politicamente determinadas, sejam diversas, que você possa transcender aos limites sociopolíticos, se essa for tua vontade!
Abraço de Sófi.
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