Síntese II: Livro "Toda ansiedade merece um abraço". Alexandre Coimbra Amaral.

     

        Dando continuidade à reflexão sobre o livro, é importante enfatizar que as ansiedades são aliadas da vida, protegendo-a, movimentando-a, mesmo que trazendo desconforto. É energia para a reação rápida, é alerta para não sofrer situações perigosas do passado, mas, ao mesmo tempo, pode fazer o inverso: ameaçar e paralisar. O autor fala de ansiedade "boa e ruim", uma que motiva outra que bagunça. Para aquela que  motiva, podemos cultivá-la, lidando com o desconforto e aproveitando os recursos que ela nos oferece; para a ansiedade que bagunça, o cuidado é o caminho, sem vergonha, sem culpa, mas com abertura para ir desalinhavando os nós do autoconhecimento, para maturar a vida. 


          Por outro lado, estamos tão submersos na preocupação com o adoecimento que podemos nos perder de como somos quando não estamos "sob efeito das ansiedades". Pode acontecer de não nos reconhecermos mais, pois nos identificamos como "eu sou ansiosa", quando, na verdade, elas são passageiras e somos muito mais que pessoas ansiosas... A filosofia do Yoga pode contribuir bastante com essa situação, pois nela o humano  está em constante construção, sempre existe um tempo-abertura para a transformação, além de nos ofertar técnicas e práticas que nos dão suporte para lidar com os desconfortos da ansiedade, quando ela é motivação , e para compreender o que ela quer nos dizer quando se expressa como paralisia. O Yoga é espaço-tempo para que você se reconheça para além dos adoecimentos, rótulos, padrões e é uma ferramenta para a mudança de aspectos que você decida mudar. 


           É interessante perceber que, como diz Alexandre , " sentir com os sentidos pode fazer muito sentido para você", a percepção do corpo que o Yoga nos faz cultivar, dia-a-dia, é a chave para a recuperação de vários desafios e adoecimentos. Quando aprendemos que podemos mudar o ritmo de nossa respiração, a amplitude e, a partir disso, modular nossas emoções ou direcionar nossos sentidos para aquilo que nos torna mais calmas, calmos ou, até mesmo, alcançar um relaxamento do corpo, por meio de sua observação ativa, acalmando a mente e saindo de um estado de pânico ou de extrema ansiedade, é que começamos a entender que as ansiedades podem não exercer tanto poder sob nós. 


               Mas...o autor nos lembra que o equilíbrio a ser buscado e praticado é um equilíbrio dinâmico. A cobrança de um equilíbrio estável é inatingível, é contra as leis da Física.  Essa noção equivocada de equilíbrio pode atrapalhar o processo de recuperação e intensifica o desconforto genuíno das ansiedades cotidianas nossas, tornando-as momentos confusos e não de proteção e de motivação. As ansiedades não são contrárias ao equilíbrio, é possível encontrar os dois estados em um só corpo e  situação. 


                Por fim,  assim como o equilíbrio e a ansiedade podem se enlaçar em um só corpo, o prazer pode estar em um momento difícil, o prazer nos ajuda a passar por eles, ele sempre espera no corpo, espera para se expressar. O prazer pode estar no movimento mais simples da vida, como deitar, abrir os braços, sentir um cheiro, despertar de um relaxamento, imaginar. Ele também pode estar nos movimentos mais elaborados: criar, dançar , pintar, cantar, escrever, amar...tudo isso pode ser feito mesmo sentindo desconforto e dor. Nunca esqueça disso.  

Abraço de Sófi. 
            
    

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