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Síntese 1: Livro "Toda ansiedade merece um abraço". Alexandre Coimbra Amaral

       É com muito encanto que me conecto com Alexandre, pois a sua obra traz à tona um conceito de ansiedade na perspectiva da vivência coletiva. Você pode captar essa ideia no título, quando o autor nos presenteia a imagem do acolhimento NO ABRAÇO, que é impossível de se fazer sozinha, sozinho.  Outra ênfase que ele dá à coletividade, repousa na expressão "Toda Ansiedade", tocando na particularidade que se banha na diversidade de manifestações daquilo que entendemos como ansiedade. De forma geral, e no ritmo do senso comum, entendemos ansiedade como um adoecimento, evitável e que funciona de uma só maneira para todas e todos.   Alexandre desconstrói o senso comum de ansiedade, quando troca o artigo, que comunica uma unidade, pelo pronome TODA, levando-nos a ter contato com um conceito de ansiedade mais profundo, multifacetário, como expressões diversas de sinais nos nossos corpos-mentes, inevitáveis, partes de nós,  que falam sobre nossas fisiologias...

A CHAVE: qual porta você deseja abrir?

O esforço é a chave. Enquanto for visto como vilão, a caminhada será fria, sem gosto, sem encanto. Todo movimento novo na vida exige certo esforço, principalmente quando falamos em mudança de hábito.  O corpo sempre tende a economizar energia , por isso a nossa dificuldade para assumir uma disciplina, ou em mudar nossa rotina, até mesmo para chegar em um lugar onde almejamos: profissionalmente, afetivamente ou espiritualmente.  Já ouvi dizer que quando uma conquista é fácil demais, é porque merecemos, mas não vejo a vida como um processo de mérito, mas de possibilidades imersas em contextos político-sociais relativamente rígidos. Uns conseguem com mais facilidade, outros com muita dificuldade, outros não têm nem a chance de chegar, nem de escolha, outros transcendem as leis político-sociais e viram inspiração. A regra é que todo ser humano pode se esforçar e que o esforço faz parte de seu desenvolvimento. Alguns se sentem vivos ao se esforçar, outros se sentem sem energia par...

YOGA E VAZIO: o que fazer com ele?

 Vou iniciar nosso texto com uma poesia de Vivine Mosé, sou admiradora de seu trabalho, em diversos campos humanos, desde o início da gestação de meu filho, faz mais de 17 anos. E como ela me ensina e me inspira! Do livro "Meu braço esquerdo: um sim à vida", página 113: "No espaço onde o vazio espraia Aprendi a colocar coisas dentro Pra germinar Tudo brota desde que semeie Tudo nasce Tenho unhas fortes  E braços Das ausências Das pausas na respiração Da saudade daquilo que não houve Nascem palavras acesas Nasce luz"           Assim como fazemos com a dor, com o desagradável, podemos fazer com o vazio... ...ele pode nos trazer a sensação de que falta algo, alguém, dar sensação de solidão, talvez...o vazio pode ser muito desconfortável.  Posso, então,  afirmar  que no Ocidente aprendemos a fugir, esconder, negar ou não aceitar o vazio. Sobre isso, quero trazer um fragmento do livro de Ana Beatriz "Mentes Depressivas", em que ela desen...

LIDAR COM O DESAGRADÁVEL

"Positividade tóxica é uma dessas instituições sociais modernas que produzem imensa pressão sobre o indivíduo para que este se mostre sempre otimista ou pelo menos  pareça  feliz, independentemente das circunstâncias. Ela se baseia na crença de que pensamentos negativos devem ser evitados a qualquer custo" (Pedro Kupfer).      Darei início ao nosso texto com essa definição de positividade tóxica, de Pedro, para que você, pessoa querida, leitora, leitor, não se sinta induzida, induzido a pensar que a vida é tolerar o que é desagradável, a proposta do texto não é essa, de verdade. A proposta do texto é levar a um conhecimento que não é do senso comum, só tive contato com ele a partir do estudo da filosofia do Yoga, e que quero partilhar com você, para que você possa viver melhor e seu próprio caminho.      Para o entendimento adequado desse movimento que denominei como "lidar com o desagradável" é preciso entendermos alguns "degraus" que o constitui...

YOGA E SUCESSO

     Vivemos em uma sociedade que tem como referenciais ou critérios para medir o sucesso: o quantitativo do salário e estabilidade financeira, bens materiais com padrões estéticos definidos e imagem com padrões rígidos (logomarcas, roupas, estilo e corpo). Todos esses elementos são controlados para manter o consumo de bens e de serviços, independente de gerarem  bem ou mal estar social.      Se pensarmos no salário exclusivamente como um quantitativo, que deveria ser cada vez maior, não olhamos para o que poderia ser o suficiente para viver bem e para o tipo e tempo de trabalho, consequentemente. Quando estamos fortalecidos e temos autoconhecimento, os critérios para avaliar nosso "sucesso" virá das nossas vontades, sensações e princípios éticos, assim como a perspectiva de um salário ideal. Isso é autonomia, é saber escolher. Esse movimento se estende para os demais elementos que citei acima sobre o que seria "sucesso" para nós como sociedade, os ben...

O OLHAR FIXO REVELA MUNDOS DESCONHECIDOS

Fixar o olhar em um ponto pode parecer algo bobo, mas é um gesto que pode  trazer qualidade para sua prática:  O olhar fixo em um ponto, no contexto do Yoga, chama-se Drishti. Este exercício pode ser o ponto de partida para a meditação, considerando que ele facilita o foco, assim, você , aos poucos e com a prática constante, vai conseguindo ficar mais tempo “em foco”. Quando o tempo de foco fica mais longo e continuo, chamamos de concentração. Quando você se concentra em um objeto, ampliando o foco do olhar para o contexto onde está o objeto, a fixação do olhar se torna Trataka. A partir deste exercício, podemos perceber um pouco além das características daquilo que é o objeto de nosso foco, integrando algumas relações que ele tem com seu contexto. Por exemplo, em Drishti você olha para a vela, a cor, a chama, o movimento da chama…em Trataka, você pode perceber que a vela faz sobra na parede.  Quando a fixação se expande, do foco para a atenção, quando o observador não se...

CONTRAÇÃO Não É TENSÃO

  Estes são dois princípios da prática de Yoga, princípios do movimento: contração e relaxamento. Antes de tudo, é preciso diferenciar, aqui, tensão e contração. Considero a tensão como uma contração falha, que leva a energia do corpo e, ao invés de favorecer movimento, ela é resistência a ele, formando uma rigidez que pode trazer cansaço, agitação ou letargia. A contração é certeira, age conjuntamente com o relaxamento. Uma traz força e o outro flexibilidade, não de forma tão estanque, pois unidos harmonizam o todo, que é o ser que flui. A tensão concentra e paralisa, a contração ativa e espalha, diluindo tensões e entregando o corpo ao relaxamento. O asana, a postura, é massagem, é harmonia entre estes dois movimentos complementares, à procura das tensões mais profundas, ocultas e dispersas no ser. Em uma prática autônoma (após bom tempo com orientação de uma professora/o capacitada/o), conduza essa busca, observando quais músculos precisam contrair e quais deles precisam relaxar...